Encarnada
Tânia Lima
Sinto que poderia extrair de minha alma sua essência.
É que alma assim escancarada,
Brilhante feito purpurina
(Dessas que parecem maiores do que seus registros),
Levam a crer que podem ser torcidas
Para que, gota a gota,
Se extraia delas a sabedoria.
Brilhante feito purpurina
(Dessas que parecem maiores do que seus registros),
Levam a crer que podem ser torcidas
Para que, gota a gota,
Se extraia delas a sabedoria.
É que meu corpo, este pobre coitado,
Está nela contido
(Quando deveria ser o contrário)
E é por ela arrastado,
Levado a seguir sem arbítrio,
A viver a história apaixonada
Pendente, de outras vidas.
Está nela contido
(Quando deveria ser o contrário)
E é por ela arrastado,
Levado a seguir sem arbítrio,
A viver a história apaixonada
Pendente, de outras vidas.
Alma autoritária esta minha!
Governa, ordena, fala o que quer,
Se contradiz.
E o meu corpo...
Encantado e subserviente,
Sob o jugo de uma alma essencialmente feliz.
Governa, ordena, fala o que quer,
Se contradiz.
E o meu corpo...
Encantado e subserviente,
Sob o jugo de uma alma essencialmente feliz.
Sim, poderia extrair de minha alma a essência
E vendê-la em pequenos e delicados frascos encarnados:
"Poção de Felicidade".
E vendê-la em pequenos e delicados frascos encarnados:
"Poção de Felicidade".
Luz
Tânia Lima
Deixarei acesa uma pequena chama...
Estará em minha cabeceira
Apenas um tênue brilho...
Simples assim...
Pois que, na escuridão da noite,
Temo não encontres o caminho...
Adormeço assim...
Bruxuleante.
Receosa de que teu espírito
Se perca em outros sonhos
E não me encontre.
Então me cubro com a luz que dança
E invoco sua magia...
Estarás preso a mim nesta madrugada
Como o pavio na vela que fito...
Assim, entre o profano e o divino,
Faço de ti minha crença.
Estremeço...
Banhada de cera quente
A deslizar por meu corpo...
A derreter-me...
Escorrendo em mim
Tua presença.
Adormeço
Estará em minha cabeceira
Apenas um tênue brilho...
Simples assim...
Pois que, na escuridão da noite,
Temo não encontres o caminho...
Adormeço assim...
Bruxuleante.
Receosa de que teu espírito
Se perca em outros sonhos
E não me encontre.
Então me cubro com a luz que dança
E invoco sua magia...
Estarás preso a mim nesta madrugada
Como o pavio na vela que fito...
Assim, entre o profano e o divino,
Faço de ti minha crença.
Estremeço...
Banhada de cera quente
A deslizar por meu corpo...
A derreter-me...
Escorrendo em mim
Tua presença.
Adormeço
Plenitude
Tânia Lima
Ando tão repleta de mim!
Quisera dividir com outras pessoas
este esplendor que me habita a alma.
Quisera dividir com outras pessoas
este esplendor que me habita a alma.
Mas, ao tentar fazê-lo,
O que divido é pouco.
E digo a mim mesma:
"Calma...calma!".
O que divido é pouco.
E digo a mim mesma:
"Calma...calma!".
Este coração borbulhante de amor...
O que consigo passar?!
Apenas um carinho meloso e excessivo,
Um arremedo do que me toma o peito.
O que consigo passar?!
Apenas um carinho meloso e excessivo,
Um arremedo do que me toma o peito.
Quisera deixar transbordar um pouco da ternura,
De toda esta que me sufoca;
Deste destempero de emoções alucinantes;
Deste desvario de arrepios que me percorrem a espinha.
De toda esta que me sufoca;
Deste destempero de emoções alucinantes;
Deste desvario de arrepios que me percorrem a espinha.
Mas, ao tentar fazê-lo,
O que transborda é um fio d¿água,
Comparado ao caudaloso rio de sentimentos.
O que transborda é um fio d¿água,
Comparado ao caudaloso rio de sentimentos.
Como fazer para despejar de mim esta gigantesca onda de lava,
Esta força que me torna ardente,
Esta labareda que me inflama
E que me atiça inteira?!
Esta força que me torna ardente,
Esta labareda que me inflama
E que me atiça inteira?!
Ao tentar fazê-lo,
Uma marola brota de mim
E respinga apenas fagulhas
Do que me queima por dentro.
Uma marola brota de mim
E respinga apenas fagulhas
Do que me queima por dentro.
Quisera sim
Dividir esta plenitude,
Este êxtase de espírito,
Este pedaço de mulher incandescente...
Quisera ter o poder de doar mais
Deste mel que corre em minhas veias.
Dividir esta plenitude,
Este êxtase de espírito,
Este pedaço de mulher incandescente...
Quisera ter o poder de doar mais
Deste mel que corre em minhas veias.
Então vou me derretendo aos poucos...
Vou espalhando minhas risadas,
Deixando pelo caminho meus conselhos,
Minhas palavras adocicadas,
Minha "melosidade"....
Vou permitindo que enxerguem um pouquinho meu avesso,
Vou tropeçando em meus chamegos,
Deixando vislumbrar esta adolescência retardada...
Vou me doando, transbordando meus cuidados.
Vou espalhando minhas risadas,
Deixando pelo caminho meus conselhos,
Minhas palavras adocicadas,
Minha "melosidade"....
Vou permitindo que enxerguem um pouquinho meu avesso,
Vou tropeçando em meus chamegos,
Deixando vislumbrar esta adolescência retardada...
Vou me doando, transbordando meus cuidados.
E esta plenitude...
Ah...esta, só consigo dividir com meu amado.
Ah...esta, só consigo dividir com meu amado.
***
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